ONDINAS

Estes seres habitam em quaisquer lugares onde haja água, em suas mais diversas formas, agindo como guardiões destes locais. Sendo o nosso planeta composto de aproximadamente 70% de água, podemos imaginar o quão importantes elas são para toda a natureza. São as responsáveis pela regulagem e distribuição da água, seja na crosta terrestre ou na atmosfera. Também tem como uma de suas principais atribuições a receptação da energia solar, transmitindo-a à água.

Uma vez que as Ondinas tem o controle do Elemento Água e sendo este um símbolo do feminino, os Espíritos das Águas costumam ser vistos e simbolizados como mulheres.

São Devas de luz, que costumam retirar da água a energia de que necessitam para a sua luminosidade, se transformando em cintilações ou fachos de luz aos olhos humanos, o que nos parece ser a incidência dos raios do sol ao reverberar na água.

De acordo com as fases da Lua, regulam o fluxo e refluxo das águas, influenciando diretamente na aparência e particularidades dos locais onde atuam, sendo co-responsáveis pelas mudanças das marés, e pela força ou suavidade das correntezas.

São protetoras de todos os seres que compõem a fauna aquática, fazendo o possível para dificultar a caça predatória, podendo se tornar traiçoeiras. Entretanto, podem eventualmente ajudar os seres humanos, quando verificam que o homem está caçando apenas para sua sobrevivência e/ou de outros seres.

O sentimento humano que mais as fascina é o Amor, pelo que utilizam-se de suas águas para purificar os corpos dos que se banham, trabalhando os sentimentos bons e puros, retirando a negatividade do corpo físico. Também gostam de atuar como “cupidos”, facilitando a aproximação dos que se encontram enamorados.

Sendo a água a fonte da vida, energia que se encontra presente em toda a criação desde o nascimento, as Ondinas são essenciais para nos guiar pelo reencontro do caminho com a nossa nascente interior, despertando em nós os dons adormecidos de cura e purificação. Elas nos ajudam a manter a ligação com nossos corpos astrais, estimulando nossas intuições, premonições e a imaginação criativa, além de estimular nossa natureza emotiva, a fim de que possamos assimilar as experiências de vida, e fazer pleno uso delas.

As Ondinas, em todas as suas formas, são belas criaturas, sensuais, sedutoras, românticas, alegres e brincam muito entre si. Adoram ser admiradas pela sua beleza, principalmente dos seus cabelos, sempre muito longos, dos quais cuidam com especial atenção. Por terem especial atração por jóias, pérolas e pedras preciosas, provocam a perda destes objetos pelos humanos que se aventuram em suas águas, a fim de que possam se apoderar dos mesmos.

Podem assumir a forma de peixes, serpentes aquáticas ou de mulheres lindíssimas, sendo também muito comum surgirem como mulheres da cintura para cima, com a parte inferior do corpo no formato de uma cauda de peixe.

Gostam muito de música e dança, além de possuírem belíssima voz, cantando de forma mágica, envolvente e enfeitiçante. A elas também é atribuído o dom da cura, da profecia e a sugestionabilidade de sua voz, com a qual pronunciam encantamentos hipnotizantes.

Locomovem-se sobre e sob a água, bem como nos locais circundantes próximos ao seu habitat, não se afastando demais dos mesmos. Em seu nado, são capazes de atingir velocidades inconcebíveis. Os momentos mais propícios para suas aparições são logo após o amanhecer, quando o orvalho ainda está caindo, e durante o pôr-do-sol.

Caso você sinta vontade de manter contato com as Ondinas, seja para demonstrar e oferecer a sua amizade, ou para receber ajuda em algo relacionado às suas emoções, basta ir a algum de seus locais, de preferência em meio à natureza, concentrar-se em uma meditação silenciosa e oferecer uma flor, que não deverá conter espinhos. Conquistar a sua confiança e simpatia não é uma tarefa difícil, devido à sua forte ligação com as emoções humanas. A sua própria sensibilidade e intuição lhe dirá quando elas estiverem próximas, mesmo que não consiga visualizá-las. Esse ritual pode ser repetido sempre que achar necessário o fortalecimento da ligação com estes seres tão especiais.

Sua líder é um Gênio da Água chamado Nicksa, uma Ondina que vive nas profundezas do mar, sendo através dela a invocação a qualquer Elemental da Água.

Oração a Nicksa

(por Sonia Aparecida Merino)

"Poderosa Nicksa, senhora do elemento da água,
fazei com que minha mente e o meu coração,
se abram para que eu possa penetrar
nos seus segredos mais profundos.

Assim conectado, sentirei
a sua força e o seu poder,
que através das suas águas,
purifica e equilibra minha alma.

Abra meus caminhos,
para que minha vida possa fluir,
expanda minhas emoções,
para que o amor possa entrar.

Como as águas do rio que,
ultrapassando e contornando os obstáculos,
correm sempre com a certeza
de que em seu destino chegará.

Assim é minha fé, nunca enfraquece;
ter sempre em mente aonde quero chegar,
estar pronta e aberta, para aprender,
para conhecer e respeitar.

Pois, prosseguir em frente é a minha meta,
servindo de instrumento e desempenhando meu papel
neste planeta que me acolheu,
para atingir o plano perfeito de minha vida."

Invocação das Ondinas

"Eu vos saúdo, Ondinas,

que constituís a representação do elemento água.

Conservai a pureza da minha alma,

como o elemento mais precioso

da minha vida e doo meu organismo.

Que assim seja!"

As Ondinas subdividem-se em:

Nereidas

Mais conhecidas como Sereias, são as responsáveis pelas águas dos mares, oceanos e lagos de água salgada, em seu estado líquido ou sólido (geleiras).

As Sereias representam a Grande Mãe (Gaya), em sua união com as águas. Como este Elemento representa as emoções, sentimentos, espiritualidade e intuição, as histórias muitas vezes ouvidas sobre elas envolvem amores arrebatadores, paixões desenfreadas e envolvimentos impossíveis de se concretizarem, entre elas e os mortais. Psicologicamente falando, para os seres humanos, tem o significado de “morrer afogado” em seus próprios sentimentos. Elas simbolizam o poder de atração, sedução e sensualidade femininas.

Costumam utilizar-se de elementos marinhos para enfeitar-se: conchas e corais usados como colares e brincos, pérolas e algas entrelaçadas em seus cabelos, sempre muito longos.

Estão quase sempre acompanhadas umas das outras, e também por golfinhos e baleias, que as acompanham em seus passeios e brincadeiras.

Durante o dia, nos horários em que o sol está mais forte, bem como na maior parte da noite, exceto as de Lua Cheia, procuram seus locais favoritos para repousarem, que são as cavernas de corais e pedras.

Entre as Ondinas, as Sereias são as que possuem a mais bonita voz, alcançando tons altíssimos, e seus cânticos são de uma beleza extraordinária, carregados de muita magia e encantamento. Elas alcançam o grau máximo de seu poder nas noites de Lua Cheia, quando seu canto torna-se mais enfeitiçante, e os que estejam próximos podem conseguir ouvir suas doces e melodiosas vozes. Nessas noites, elas sobem das profundezas das águas e expõem-se à luz da Lua, sentadas em rochas ou às margens, contando com a ajuda das Sílfides que, com o seu sopro, afastam qualquer nuvem ou névoa que possa esconder a Lua.

Então, começam a cantar lindíssimas melodias, quase sempre melancólicas, em fantásticas entonações impossíveis de serem reproduzidas por nós, simples mortais. Cânticos de indescritível beleza se elevam na noite e não só os homens se curvam fascinados e quase enlouquecidos, mas também a própria Natureza e os demais Elementais, que se calam para ouví-las. Dos menores insetos aos grandes animais, todos silenciam e somente as vozes das Sereias são ouvidas.

A lenda que se criou através dos tempos, referente às mortes dos homens que teriam sido encantados pelas Sereias e levados por elas para se afogarem no mar, explica-se da seguinte forma: há tempos atrás, muitas embarcações se aventuravam pelos mares em busca de alimento que fosse suficiente para suprir aldeias inteiras, bem como para estocagem dos peixes, que eram salgados e acondicionados, para períodos em que a pesca se tornasse difícil, como o inverno rigoroso, ou nas épocas de grandes tempestades.

A evolução deste tipo de pesca fez com que fossem criados e utilizados métodos mais eficientes, como as grandes e reforçadas redes e arpões cada vez maiores, que os garantia, em bem menos tempo, uma pesca mais abundante do que era possível consumir. Além disso, os grandes mamíferos marinhos, como baleias, golfinhos, leões marinhos e focas passaram a ser amplamente caçados, devido à riqueza do óleo produzido. A crescente ambição do homem estava destruindo a fauna marinha. Comercializava-se indiscriminadamente.

A partir do momento em que essa caçada se tornou desenfreada e sem sentido, buscando-se apenas o enriquecimento através da venda das partes destes animais, as Sereias viram-se obrigadas a encontrar meios de cessar com a matança. As armas de que dispunham eram sua extrema beleza, seu canto magnífico e seu poder de sedução.

Elas acompanhavam as embarcações e, quando estas já estavam em alto mar, nadavam ao seu redor, cantando e mostrando toda a sua beleza em seu balé aquático. Os pescadores, encantados, e esquecendo-se de suas atribuições, entregavam-se à contemplação e fascínio que elas lhes causavam. Muitos se atiravam ao mar, para nunca mais voltar. Muitos barcos, ao perderem a direção, chocavam-se contra rochas e naufragavam, levando para o fundo outros tantos.

Os que sobreviviam e conseguiam retornar, contavam histórias sobre as Sereias, do encantamento de que eram capazes de causar a todos que as ouvissem cantar, da paixão que causavam aos que as vissem, tamanha era a beleza daqueles seres fantásticos, da sua inimaginável sedução mortal. Muitos voltaram ao mar para reencontrá-las... muitos foram tidos como loucos, repetindo suas histórias até o fim de suas vidas.

Ninfas

São as responsáveis pelas águas dos rios, cachoeiras, pântanos e lagos de água doce (líquidos ou congelados).

As ninfas são um pouco menores do que as Nereidas e apresentam-se, na maioria das vezes, com suas vestimentas em tons esverdeados, sendo estas frequentemente enfeitadas com flores aquáticas, como a ninféia, a flor de lótus e a vitória-régia. São mais meigas e dóceis, parecendo-se mais com meninas do que com mulheres, não demonstrando toda a sensualidade daquelas.

Seus locais de repouso são os emaranhados de plantas aquáticas, normalmente próximos às margens.

Suas danças são executadas, geralmente, sobre as águas, quando parecem estar levitando em suas acrobacias e rodopios, misturando-se e circulando entre si, num belíssimo balé. Neste momento, para os que as conseguem vislumbrar, podem ser confundidas com as Sílfides (Fadas).

Seu canto é suave e melodioso, não tão poderoso como o das Sereias, mas de uma beleza singela, que acalma e faz sonhar.

Náiades

São as responsáveis pelas águas das fontes, nascentes e poços; bem como a água em precipitação, seja na forma de chuva, garoa ou orvalhos; além da água existente nas nuvens, em seu estado gasoso.

São as menores de todas as Ondinas e também as que se encontram mais próximas de nós. Suas vestimentas costumam ser em tons azulados, e sua pele muito clara. Suas águas, por serem as mais puras e cristalinas, recebem a visita frequente de seres humanos e de animais que as procuram para saciar a sede ou para banhar-se. Elas estão sempre muito próximas em todos estes momentos e, os mais sensíveis, podem perceber sua presença.

Os sons emitidos pelas Náiades parecem-se com zumbidos de insetos e seu canto assemelha-se a uma sinfonia de violinos, em cantigas de acordes suaves.

Você já parou para imaginar, acerca de antigas tradições como:

. jogar moedas nas águas de fontes e chafarizes, acompanhados de pedidos os mais diversos;

. colocar uma moeda na água do primeiro banho de um recém-nascido, para que tenha boa sorte;

. dar água da primeira chuva do ano para que a criança aprenda a falar mais rápido;

. tomar banho de chuva, para purificar o corpo,

A quem são direcionados estes pedidos? Aos Espíritos das Águas, nesses casos, às Náiades!

Segundo a mitologia grega, as Náiades podem conceder a juventude eterna a quem beba da água de suas fontes, protegem aqueles que tomam banho em suas águas e, no caso das mulheres, podem abençoá-las com a fertilidade.

(C.P.)